Tenho tantas boas lembranças de escola, ao pensar naquele tempo sinto uma pontadinha no peito de saudade, ao tentar recordar livros, cartilhas e outros materiais, restam apenas algumas lembranças aqui e ali e outras fortes que são claras como se houvesse visto ou vivido ontem. Uma dessas fortes lembranças é de eu possuir um livro de gramática com muitos textos, e eu como apreciadora de leitura, tinha o hábito de assim que tinha o livro, folheá-lo e ler esses textos antes mesmo da professora chegar à eles. Um deles que jamais esqueci foi o Menino Azul de Cecília Meireles, foi amor à primeira vista, tenho hoje 42 anos e sei de cor todo o poema, poema este que li não tinha mais do que meus 9 anos.
O Menino Azul
O menino quer um burrinho
para passear.
Um burrinho manso,
que não corra nem pule,
mas que saiba conversar.
O menino quer um burrinho
que saiba dizer
o nome dos rios,
das montanhas, das flores,
de tudo o que aparecer.
O menino quer um burrinho
que saiba inventar histórias bonitas
com pessoas e bichos
e com barquinhos no mar.
E os dois sairão pelo mundo
que é como um jardim
apenas mais largo
e talvez mais comprido
e que não tenha fim.
(Quem souber de um burrinho desses,
pode escrever para a Ruas das Casas,
número das Portas, ao Menino Azul que não sabe ler.)
Cecília Meireles
Sem comentários:
Enviar um comentário