29/07/2012

6a Etapa - Padron - Santiago de Compostella

Finalmente o dia de atingir o nosso objetivo, depois de dias vivendo e apreciando tantas coisas, sentimos uma mistura de excitação para chegarmos a Santiago. Saímos de Padron bem cedo passamos por Iria Flavia e seguimos sempre pela N-550, durante a caminhada existem placas com informações de percursos internos (que desviam da estrada), mas devido as condições dos meus pés, preferimos continuar na estrada sem desvios, passamos pelo Santuário A Escravitude, depois da estrada atravessamos alguns bosques, nesse dia foi a  primeira vez em minha vida que vi um pastor com suas ovelhas, mas com o detalhe que estava de carro, as ovelhas seguiam o carro e o pastor ía a dirigir ;) (modernísses!!) Fizemos descidas por meio de casas e ruelas até chegar a Santiago, ainda tivemos um maravilhoso momento em que descansamos ao som de um pássaro, nada mais, e ficamos um bom tempo distraídos brincando com o seu canto, coisas do Caminho.
A chegada ao casco histórico de Santiago na praça da Catedral é algo indescritível, uma montanha de emoções e uma felicidade por termos conseguido chegar a meta. Antes de procurarmos um Albergue nos dirigimos a Oficina do Peregrino, onde apresentamos a nossa credencial e respondemos a um questionário para recebermos a Compostella, Depois disso andamos a volta a procura de um albergue e acabamos por optar ficar no Mundo Albergue, um bom preço e boa localização gostamos muito das instalações. Tomamos um banho para tirar a poeira da estrada, tratei meus pés e descansamos para podermos passear mais tarde. A cidade estava cheia, tinha sido as comemorações de São Tiago, ainda havia uma feira com barraquinhas e divertimentos,  visitamos a cidade e fomos até a Catedral para vermos com mais calma; lá estava ela, linda e majestosa, amei os gigantescos órgãos e o fumeiro em que costumam colocar incenso e defumar nas missas, dizem que era por causa do mau cheiro dos peregrinos.
Acabamos por cruzar com duas peregrinas alemãs (mãe e filha), não víamos elas desde Pontevedra e ficamos todos contentes de nos ter encontrado, é sempre bom sabermos que todos conseguem chegar.
Depois de um dia cheio fomos dormir, pois teríamos que acordar cedo para pegarmos o comboio de volta.
Adorei a viajem, uma experiência enriquecedora e emocionante, planejamos fazer no ano que vem outra caminhada, se tudo correr bem. É uma maneira completamente diferente de conhecer lugares e pessoas, tenho pena de não ter tomado gôsto por isso mais cedo, mas ainda não é tarde.
O caminho de Santiago é mágico em todos os sentidos, para mim foi um grande exercício de fé, além do espírito humano do conviver e partilhar de uma maneira que a vida moderna não nos proporciona mais. O contato com a natureza e com si próprio, os momentos solitários e até mesmo dolorosos em que uma palavra e um gesto de alguém que você nunca viu na vida faz toda a diferença; sou uma privilegiada!

28/07/2012

5a Etapa - Caldas de Reis - Padrón

Saímos bem cedo de Caldas de Reis e me sentia muito bem e motivada para a caminhada, consegui fazer um bom passo. Penetramos no vale do Bermaña onde atravessamos um bosque centenário em que cada panorâmica é única, muito verdejante, muitos vales e muita água; passamos pela igreja românica de Santa Mariña de Carracedo. Na chegada a S.Miguel de Valga, antes de iniciarmos uma grande descida até Pontecesures, estava a guarda espanhola fazendo o controle de peregrinos e carimbando as credenciais, outros peregrinos haviam nos dito que já havia passado desde o dia anterior 99 peregrinos. Um dos nossos amigos peregrinos, Marc Rien, fez-nos companhia uma boa parte do percurso, mas meus pés começaram a incomodar e ele continuou o seu passo mais acelerado. Na entrada da cidade ainda ficamos em dúvida, se ficaríamos em Padrón ou  Mosteiro de Herbón (um mosteiro franciscano que oferecem hospedagem a peregrinos), acabamos por decidir ficar em Padrón. O Albergue de Peregrinos de Padron é muito bonito, as instalações excelentes com lindas vistas de suas janelas, muito arejado e bem localizado, pois está praticamente ao lado do Mosteiro do Carmo e próximo a Fonte Carmelita. Após a chegada e do mesmo ritual, tomarmos um banho e descansarmos, saímos para visitar a cidade onde acabamos por comer uma deliciosa pizza que caiu muito bem.






27/07/2012

4a Etapa - Pontevedra - Caldas de Reis

Esta foi a etapa que menos fotos tiramos e ainda não sei porque, deve ter sido puro esquecimento. Foi nessa etapa que comprei o meu cajado, passamos por uma população em que os moradores do Caminho aproveitam para fazer pequenos negócios com a venda de cajados e vieiras, foi quando comprei o meu. 
Acabou por ser uma jornada comprida, pois a intenção de ficar no Albergue de Peregrinos de Briallos acabou por ser alterada por continuarmos até Caldas de Reis, mesmo tendo excelentes acomodações, ele estava localizado em lugar onde não havia o que comprar para comer e até mesmo na recepção não havia ninguém para nos receber, sendo assim descansamos um pouco e continuamos viagem.
Chegamos tarde em Caldas de Reis e só havia colchões para ficarmos, o Albergue de Peregrinos Dona Urraca foi o pior de todos, apesar de estar inserido em um lindo local, Caldas de Reis é uma linda cidade cercada por pontes e riachos com águas termais. Conta a história que Celtas e romanos fizeram assentamento nesta zona graças aos recursos hídricos do lugar, os romanos chamaram-na "Aquis Celenis".

Caminho 

Calda de Reis

Albergue de Peregrinos Dona Urraca

26/07/2012

3a Etapa - Redondela - Pontevedra

Neste dia os peregrinos foram mais barulhentos que o normal, acabamos por acordar e acelerar nossa saída, o que era muito mais cedo do que o esperado. Como havia me dito em Redondela a senhora da padaria, este trajeto foi lindo e doloroso, para variar, subimos mais que descemos e o pior é que grande parte do trajeto era com chão de pedras, ideal para os meus calos gritarem. Passamos por uma lindíssima vila, Pontesampaio, onde atravessamos a ponte que leva o seu nome sobre o Rio Verdugo. O restante da etapa decorre à altura de A Canicouva por um antigo caminho empedrado onde encontramos um grupo de brasileiros muito animados. Chegamos ao Albergue de Peregrinos de Pontevedra exaustos, alias acabamos por passar por ele direto, pois era tão bonita a entrada que achamos não ser o Albergue. Aqui finalmente tínhamos uma lavanderia onde acabamos por colocar nossas roupas para lavar e secar, descansamos e depois fomos dar uma volta por Pontevedra, uma cidade cheia de vida. Vimos muitas pessoas e famílias inteiras passeando por toda a vila, muito movimento e alegria foi o que vi, eu e Mário chegamos à conclusão que deveria ser uma cidade boa para se morar.